quarta-feira, 6 de abril de 2011

Depois que a saudade chega...


A minha alma tem sede... sede das suas palavras. Meus ouvidos já não escutam a sua canção. Na verdade ela está aqui, sei que cada acorde tem sabor de amor, cada virada carrega a sua misericórdia e cada nota a sua graça. Mas não tenho escutado. Sei como é a música. Sei exatamente o que ela produz em mim, mas não consigo ouvi-la. Tapei meus ouvidos, a indiferença bateu à minha porta nessa manhã, e eu abri. Tomamos chá juntas, ela chegou sutilmente e me envolveu nos seus argumentos. Mas a tarde já se foi, e a saudade chegou... Ainda bem que ela pulou a janela e interrompeu a minha prosa com a indiferença. Ela perguntou-me se eu sabia cantar a bela música, perguntou-me se eu poderia descrever seu abraço num dia tempestuoso, se eu poderia descrever a sua voz no meio do furacão. Que tola, pensei. Deixei a indiferença me seduzir com seus bolinhos de chuva e com seus olhos do aqui e agora. Mas a saudade me trouxe lembranças, e agora eu só desejo encontrar-me contigo num jardim fechado. Eu estou entrando pelos corredores floridos, sob um céu de inverno, eu sou nublado e está chovendo pelos meus olhos. E lembro-me que a sua canção produz vida, transforma inverno em primavera e pinta o sol no lugar da chuva. O arrependimento corre pelas minhas entranhas, e não tão distante, encontra o seu perdão. Agora você está me envolvendo em seus braços de amor e está cantando sua música. A indiferença se vai, eu olho para dentro de mim e ouço o clamor pela sua presença. Eu não sei viver sem você, não sei sorrir com o coração se você não estiver presente. Não sei abraçar uma alma se seus braços não envolverem a minha. Não sei manter o brilho nos meus olhos se a sua luz não incidir no meu interior. Não sei estender as minhas mãos se as suas não estiverem segurando a minha. E eu desejo a sua presença mais do que desejo viver outro dia, eu preciso ouvir sua voz mais do que qualquer palavra de alguém que eu ame. Pois a saudade me traz a lembrança da primavera. Os meus dias cinza como a neblina clamam pela cor da sua aliança no meu céu. Traga-me uma porção do seu Amor nessa noite, a tarde se foi e a indiferença também. Cante sua música para mim hoje, antes que a madrugada chegue trazendo o peso da escuridão, o frio da solidão e o torpor da indiferença. Não quero ficar em estado latente, quero viver você, respirar você e exalar o seu perfume. Não deixe que eu mergulhe meus pés na rotina, não deixe que meu trabalho roube meu tempo com você, não deixe que minha busca pelas coisas terrenas me impeçam de amar as pessoas de perto, não deixe que a pressa e o dinamismo capitalista me lancem num mar de superficialidade. Eu quero amar você com cada parte de mim, quero doar a minha vida aos outros e cantar sua canção para os ouvidos cansados de ouvir o som do sofrimento. Quero mostrar a esperança quando a tragédia chegar. Quero amar ainda mais, mesmo quando meu coração for apunhalado. Quero abraçar apertado quando as lágrimas caírem pelos olhos de alguém. Quero alimentar, mesmo quando a fome afastar a honestidade. Quero sonhar junto com você, mesmo quando a frustração e os enganos do meu coração me fizerem chorar. Quero refletir você, mesmo quando isso me custar o meu conforto. Porque eu sou sua, e é isso que a sua música produz... e eu sei, você a está cantando para mim!

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